Ventos de renovação sempre são bem vindos. Por melhor que
esteja uma situação o mundo está mudando de forma tão rápida que não podemos esperar
sentados que as melhorias caiam do céu. No entanto, é nos momentos de
insatisfação ou de crise que esses ventos se aceleram e tomam forma.
Existem modelos diferentes para se renovar algo. Pode ser
uma reforma, onde agimos sobre os focos de problemas e mantemos aquilo que
consideramos bom. Também pode ser uma revolução, onde negamos tudo que foi
feito anteriormente e começamos do zero. Muitas vezes não passa de uma
maquiagem, ou em termos mais moderninhos, um photoshop que só transforma
artificialmente as aparências.
O que uma renovação certamente não é, é uma volta ao
passado. Por mais saudosistas que
sejamos de tempos que considerávamos bons (e, certamente os consideramos bons
pois esquecemos das suas dificuldades e defeitos) não se vai para o futuro
olhando para trás.
Mesmo Marty McFly
descobriu que se não mantivesse o passado da forma como estava, ele não existiria
no futuro. Renovação não é uma inovação em marcha ré.
Ao me deparar com o movimento que propõe renovação na ABEMD
(Associação Brasileira de Marketing Direto) - movimento que mostra aspectos saudáveis e outros nem tanto - identifico algumas questões que,
acredito, mereçam reflexão.
Nenhuma organização humana - clube, associação, igreja,
governo... – está isenta de erros e de falhas, caso contrário não seria humana.
Faz parte da nossa essência e natureza sermos seres falíveis. Dessa forma, nenhuma dessas organizações está
isenta de críticas e de oposição.
Eu sou daqueles que acredita que crítica e oposição são saudáveis
pois é no confronto de idéias que conseguimos crescer.
Como sócio e conselheiro da Abemd reconheço seus méritos e
suas falhas. Inclusive a falha de nem sempre alardear as suas vitórias, assim
como a falha de nem sempre reconhecer os seus erros.
Não concordo com aqueles insatisfeitos que acham que tudo
está errado. Também não concordo com os
satisfeitos que acham que tudo está lindo e maravilhoso.
Certamente minha maior
discordância é em relação aos indiferentes que nunca acham nada e preferem
manter seus glúteos encadeirados.
E, se queremos pensar em renovação, a primeira coisa que
precisamos mudar é a nossa atitude enquanto associados. Afinal de contas,
independentemente de qual seja o modelo de governança ou de quem é o gestor do
momento, a associação representa aquilo que nós sócios somos.
Apontar o erro dos outros é sempre mais cômodo que fazer uma autocrítica.
Se a renovação não começar pelo comprometimento e interesse
dos associados em trabalhar pela associação
não vai fazer sentido nenhuma outra mudança.
Trocar o gestor será apenas como trocar o técnico de um time
de futebol de maus jogadores. Talvez até ganhe o primeiro jogo depois da
substituição, mas não se sustenta no médio e longo prazos.
Trocar o modelo de governança será apenas uma maquiagem
corporativa, como tantas declarações de “missão, visão e valores” que
encontramos penduradas nas paredes de algumas empresas. Discurso inóquo.
Precisamos de pessoas que estejam dispostas efetivamente a
participar do conselho da associação (nas últimas eleições que tivemos o número
de candidatos quase foi igual ao número de vagas).
Precisamos de pessoas que possam dedicar algumas horas do
seu mês em reuniões de comitês, em compartilhamento de idéias em palestras e,
por que não, em momentos sociais nos cafés da manhã da associação (aliás, vejo
gente reclamando da falta de almoços, mas não parecem nos encontros matinais,
será sono?).
Precisamos de pessoas que acreditem que discordância de idéias não é perseguição pessoal e que democracia pressupõe algumas decepções.
Se essas pessoas existirem o conselho será renovado, a
governança será renovada e a gestão refletirá o oxigênio novo do mercado.
Se for para trocar seis por meia dúzia, eu fico onde estou e economizo tempo e energia.