Durante os últimos 22 anos eu fui assinante de um mesmo jornal. Digo que fui porque hoje eu o abandonei e migrei para o seu concorrente. Está selado o nosso divórcio, sem partilha de bens e sem disputa pela guarda de filhos.
A troca não está fundamentada no produto em si. Notícias são notícias. Existem diferenças de posicionamento editorial, mas nada que seja tão relevante assim. Vou perder os textos de alguns cronistas que me agradam e devo encontrar outros do outro lado.
E, cá entre nós, o conhecimento não está no conteúdo editorial, mas na minha capacidade de processar as notícias de forma útil para mim.
Pelas minhas contas de marketeiro direto, eu entendo que um cliente com mais de 20 anos de casa deveria ser um ativo precioso, considerando o meu lifetime value mas, exatamente por ser do ramo é que não dava mais para tolerar as práticas mercadológicas do meu antigo fornecedor.
Foram essas más práticas, e não o assédio da concorrência que fizeram a minha cabeça. Aliás, não lembro quando foi a última vez que o concorrente me assediou. Meu velho jornal se afundou sozinho.
A pior delas é que o meu próprio jornal me assediava quase que quinzenalmente. Sendo que, só na última semana, foram 3 vezes. E não foi para me oferecer renovação de assinatura, mas para me vender uma assinatura nova. Cansei de contar para os seus operadores de telemarketing que eu já era assinante.
Nem tente me explicar porque isso acontecia. Eu sei muito bem o porquê. E deploro a atitude.
Mas não era só isso. Esse jornal que se intitula guardião da moralidade, me manda quase todos os meses, e-mails para o meu endereço eletrônico em nome do meu pai e da minha mulher. Só existe um lugar no mundo onde meu pai e minha mulher estão cadastrados com o meu endereço de e-mail : na Receita Federal.
Na primeira vez que isso aconteceu eu ainda perdi meu tempo alertando os profissionais de marketing direto de lá. Não adiantou nada.
Para completar, na semana passada eu recebi uma outra ligação de telemarketing. Informando que minha assinatura estava vencida há mais de uma semana.
Como é que qualquer veículo que vive de assinaturas espera uma assinatura vencer para começar o processo de renovação? Não me mandaram nenhum aviso? Não se deram ao trabalho de gastar o mísero R$1,50 que devia custar a mala direta de renovação que sempre usaram?
Não posso negar que o operador estava bem informado (sim, eles tem um database!!), sabia que eu costumava renovar bienalmente (até nisso eu era um bom cliente, eles só precisavam gastar dinheiro comigo a cada dois anos). e me fez uma proposta irrecusável : renovar a minha assinatura pelo mesmo valor de um assinante novo...
Diante de tantos argumentos que o jornal me deu, eu não poderia fazer mais nada, senão abandoná-lo....
4 comentários:
Não vale, Fábio: a gente quer saber o nome e o sobrenome do mau jornal.
Dado ao seu perfil, e a confissão de 'vinte anos como assinante' - já deduzi qual o jornal (!).
Mas creio que aqui se aplica uma máxima da competição: "A concorrência morreu" - tenho o livro (merece uma resenha). No fundo, Fabio, o seu antigo jornal não percebe que o maior concorrente é ele mesmo - com o seu passado, suas práticas e sua acomodação.
Perdeu o jornal! Perde a oportunidade para se reinventar, para se superar e principalmente a de manter seus leais assinantes na casa.
É sempre uma pena ver uma empresa perder um cliente de tanto tempo...
Me acostumei tanto com alguns cadernos do jornal que vou estranhar esta troca...
Mas tenho que admitir que o Fábio tem razão, pois há muito tempo eles têm tentado perder clientes...
Elsa Ribeiro
Ué, contou o milagre mas omitiu o santo?
Se foi com o Estadão, também passei por algo parecido.
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