Provavelmente, ao final desse texto, você irá me acusar de
corporativismo. E, de certa forma, você estará certo. Não no sentido original
do corporativismo como modelo político mas pelo fato de que eu venho aqui
defender a minha classe profissional.
Durante as eleições de 1989, os profissionais que cuidavam
da comunicação dos candidatos receberam o apelido de marqueteiros.
Marqueteiro (ou marketeiro), segundo os principais
dicionários brasileiros (“Aurélio” e “Houaiss”), é “pessoa ou profissional do marketing”.
Infelizmente é quase sempre utilizado pela imprensa para
designar especificamente aqueles profissionais que fazem “marketing político”.
Por motivos óbvios, a expressão carrega um viés
depreciativo, claramente associado ao “produto” que estão vendendo.
Nosso bom e velho Kotler já definia o Marketing como o
conjunto de atividades que envolvem o processo de criação, planejamento e
desenvolvimento de produtos ou serviços que satisfaçam as necessidades do
consumidor, e de estratégias de comunicação e vendas que superem a
concorrência.
É justamente aí que as coisas começam a ficar nebulosas,
uma vez que um político não é um sabão em pó que foi criado para atender as
necessidades do consumidor.
Ou não?
Pior, na ânsia de conquistar o poder, as estratégias de
comunicação e vendas desses “produtos”, não poucas vezes poderiam estar
sujeitas ao código de defesa do consumidor ou a recursos no Conar, reclamando
da propaganda enganosa.
Eu sou marqueteiro. Muitos dos que me leem também. Tenho
certeza que, assim como eu, muitas vezes sentiram vergonha de dizer que são
profissionais de marketing – e pensar que, em tempos áureos, essa era uma
profissão cheia de glamour!
Não defendo a volta desse glamour, que também era
excessivo. Nossa profissão não nos torna seres humanos melhores que os outros.
Nem piores.
O que defendo é o resgate da valorização profissional da
classe. Inclusive dos marqueteiros políticos – existem bons profissionais
trabalhando seriamente com “produtos” em que eles acreditam de verdade.
A quem cabe essa função de resgatar o valor da classe?
De um lado às nossas entidades representativas mas,
certamente, muito mais a cada um de nós, mostrando no dia-a-dia que nosso
trabalho é importante e, principalmente, honesto.
Marketeiro sim! E com muito orgulho
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