terça-feira, 19 de agosto de 2014

Onde começa a renovação



Ventos de renovação sempre são bem vindos. Por melhor que esteja uma situação o mundo está mudando de forma tão rápida que não podemos esperar sentados que as melhorias caiam do céu. No entanto, é nos momentos de insatisfação ou de crise que esses ventos se aceleram e tomam forma.


Existem modelos diferentes para se renovar algo. Pode ser uma reforma, onde agimos sobre os focos de problemas e mantemos aquilo que consideramos bom. Também pode ser uma revolução, onde negamos tudo que foi feito anteriormente e começamos do zero. Muitas vezes não passa de uma maquiagem, ou em termos mais moderninhos, um photoshop que só transforma artificialmente as aparências.


O que uma renovação certamente não é, é uma volta ao passado.  Por mais saudosistas que sejamos de tempos que considerávamos bons (e, certamente os consideramos bons pois esquecemos das suas dificuldades e defeitos) não se vai para o futuro olhando para trás.


Mesmo  Marty McFly descobriu que se não mantivesse o passado da forma como estava, ele não existiria no futuro. Renovação não é uma inovação em marcha ré.


Ao me deparar com o movimento que propõe renovação na ABEMD (Associação Brasileira de Marketing Direto) - movimento que mostra aspectos saudáveis e outros nem tanto -  identifico algumas questões que, acredito, mereçam reflexão.


Nenhuma organização humana - clube, associação, igreja, governo... – está isenta de erros e de falhas, caso contrário não seria humana. Faz parte da nossa essência e natureza sermos seres falíveis.  Dessa forma, nenhuma dessas organizações está isenta de críticas e de oposição.


Eu sou daqueles que acredita que crítica e oposição são saudáveis pois é no confronto de idéias que conseguimos crescer.


Como sócio e conselheiro da Abemd reconheço seus méritos e suas falhas. Inclusive a falha de nem sempre alardear as suas vitórias, assim como a falha de nem sempre reconhecer os seus erros.


Não concordo com aqueles insatisfeitos que acham que tudo está errado.  Também não concordo com os satisfeitos que acham que tudo está lindo e maravilhoso. 

Certamente minha maior discordância é em relação aos indiferentes que nunca acham nada e preferem manter seus glúteos encadeirados.


E, se queremos pensar em renovação, a primeira coisa que precisamos mudar é a nossa atitude enquanto associados. Afinal de contas, independentemente de qual seja o modelo de governança ou de quem é o gestor do momento, a associação representa aquilo que nós sócios somos.

Apontar o erro dos outros é sempre mais cômodo que fazer uma autocrítica.


Se a renovação não começar pelo comprometimento e interesse dos associados em trabalhar pela associação  não vai fazer sentido nenhuma outra mudança. 


Trocar o gestor será apenas como trocar o técnico de um time de futebol de maus jogadores. Talvez até ganhe o primeiro jogo depois da substituição, mas não se sustenta no médio e longo prazos.



Trocar o modelo de governança será apenas uma maquiagem corporativa, como tantas declarações de “missão, visão e valores” que encontramos penduradas nas paredes de algumas empresas. Discurso inóquo.


Precisamos de pessoas que estejam dispostas efetivamente a participar do conselho da associação (nas últimas eleições que tivemos o número de candidatos quase foi igual ao número de vagas).


Precisamos de pessoas que possam dedicar algumas horas do seu mês em reuniões de comitês, em compartilhamento de idéias em palestras e, por que não, em momentos sociais nos cafés da manhã da associação (aliás, vejo gente reclamando da falta de almoços, mas não parecem nos encontros matinais, será sono?).

Precisamos de pessoas que acreditem que discordância de idéias não é perseguição pessoal e que democracia pressupõe algumas decepções.


Se essas pessoas existirem o conselho será renovado, a governança será renovada e a gestão refletirá o oxigênio novo do mercado.


Se for para trocar seis por meia dúzia, eu fico onde estou e economizo tempo e energia.

3 comentários:

Unknown disse...

Perfeito Fabio!

Sabe que não sou nenhum fã da gestão da ABEMD e a muito me afastei da entidade.
Mas concordo plenamente com a sua colocação.
Trocar por trocar é um esforço desnecessário para nada.
Só com propósito reais, projetos concretos e comprometimento, muito comprometimento se moderniza a gestão seja de uma entidade, uma empresa ou um país...
Também andei vendo a iniciativa e não acho que venha acompanhada destes quesitos básicos...

Abs
Luiz Antonio Vendramini

Unknown disse...

Oi Fábio,
Fomos associados da ABEMD no passado e estamos retornando com outra empresa. Concordo plenamente quando diz que não podemos ir ao futuro olhando para trás, porém estou sentindo falta de uma energia que sentia antes.
Espero que pelo menos essa energia boa volte.
Forte Abraço,
Anamaria Pinheiro

Fábio Adiron disse...

Ana

Que bom que está voltando.

Para que exista uma boa energia é necessário que os espíritos entrem desarmados, o que não parece ser o caso, infelizmente.