Abro minha caixa de entrada e encontro uma mensagem de uma
ONG daquelas bem conhecidas me pedindo
um monte de informações.
Algumas delas absolutamente genéricas, outras bem
específicas a respeito de mercado, de estratégias de comunicação e de
arrecadação de fundos.
Não sou um leigo no assunto. Já trabalhei como voluntário
para uma e como consultor para outra e, modéstia às favas, com bons resultados
para ambas.
Respondi que a mensagem que ela me enviava não tinha
informação suficiente e que seria melhor agendarmos uma reunião para que eu
pudesse entender melhor quais eram os desafios e dores de cabeça da
organização.
Ou seja, sem um briefing decente, não é possível falar nada
que não seja uma leviandade. E eu detesto ser leviano.
Hoje recebo outra mensagem. Segundo a pessoa que me contatou
a agenda da presidente da ONG é muito complexa e que ela só iria agendar
reuniões com empresas que tivessem previamente respondido as perguntas que eles
formularam.
Agradeci a mensagem, afinal sou um cara educado, e disse que
meu modelo de trabalho não era esse. Mas
fiquei com vontade de dizer outras coisas, que servem para qualquer tipo de
potencial cliente, ONG ou não.
Primeiro: se você está fazendo uma concorrência deixe isso
claro desde o começo ao invés de deixar escapar em outro momento. Já participei
de muitas e também já declinei o convite para outras. É uma opção da minha
empresa participar ou não.
Segundo: não use o fato de estar fazendo uma concorrência
como uma ameaça do tipo “se você não responder minhas perguntas, outros vão
responder”. Começar uma relação comercial com chantagem não tem futuro nenhum.
Terceiro: se quer conhecer as empresas participantes de um
processo de concorrência, primeiro peça que lhe enviem suas credenciais. Lá
você vai descobrir que tipo de trabalho elas prestam, se já tiveram clientes do
mesmo ramo de atividade e quem são os profissionais responsáveis pelo trabalho.
Quarto: não dê uma de espertinho tentando obter serviços
gratuitos. É uma maneira porca de trabalhar e o que você vai conseguir são
respostas porcas que conduzirão o seu negócio a resultados porcos. Por mais que eu aprecie os suínos, isso não
combina com o trabalho de gente séria.
Agora, se você quer um serviço baratinho, de quem usa a
mesma receita de bolo para todos os seus clientes e não tem nada a perder se os
resultados forem pífios, pode fazer como essa ONG. Vista a cara de pau e saia
distribuindo e-mails com questionários mal formulados.
A esperança, dizem, é a última que morre.
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