sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Frases Feitas, Frases de Efeito


Logo que esta crise se intensificou, lembrei-me da frase do Nizan Guanaes, lá da época dos atentados de 11 de setembro. Era 2001. Ele sacou essa, que aos olhos de muitos pareceu um tanto quanto oportunista:

“Se tem muita gente chorando vamos vender lenço.”

Mais recentemente, no Maximídia, e amplamente divulgado no meio marketeiro, trocaram farpas entre si, Nizan Guanaes e Fábio Fernandes. Diferentemente de sete anos atrás, Guanaes estava com uma postura totalmente conservadora, e Fernandes defendia que o momento era para inovar.

O café, na verdade é requentado. Não havia espaço para discutir conceitos. Que me perdoem os dois - estava mais para briga de comadres. Até porque o evento em si não permite inovação ou ruptura. Pelo menos no marketing baseado nos veículos de massa. É fazer o que sempre foi feito, seguindo fórmulas e paradigmas consagrados, debaixo da disciplina da Propaganda.

A Propaganda é um filho legítimo da era Industrial. Época em que levava tempo para abastecer os lares com televisores, máquinas de lavar louça, e o último modelo de carro lançado antes do ano fiscal terminar. Época das sopas instântaneas, dos pratos congelados, do homem de Marlboro.

Para quem ainda não percebeu, quero alertar que vivemos numa era Pós Industrial. E é impossível lidar nesta nova situação, utilizando os paradigmas de ontem, que engessam o modelo do marketing e da comunicação.

Tomemos o caso muito comum este ano de rádios alugadas pelos anunciantes. A Sul América (seguradora), a Mitsubishi (veículos), e a Oi (Telefonia) tem hoje suas FMs. Só para citar esses mais recentes. Isso é novidade? Prêmio Caboré e Top de Marketing para os pastores que já fazem isso com o Rádio há décadas, e mais recentemente (mas ainda no século passado) fazem com a TV.

Aí eu pergunto: Estamos andando para frente ou para trás? Infelizmente não temos muitas novidades no mercado. Há um fenômeno aqui ou acolá. E só. Fenômenos pontuais e não estruturais (aqueles típicos de grandes mudanças).

O CQC e a trupe de Marcelo Tas é algo novo? O deboche e o humor dos caras é sensacional, e há no desenho do programa grandes sacadas. Muito talento, muita inteligência. E fila de anunciante. Mas calma lá! Isso não é algo novo novo, pois obedece de maneira até bem comportada, os paradigmas de sempre – baseados na era Industrial.

Ao que tudo indica - e os nossos sociólogos estão corretos neste ponto - apesar de termos adentrado o novo ciclo histórico, continuamos a utilizar as ferramentas, conceitos e parâmetros do passado.

Falta-nos criatividade e fantasia. Parece que mantemos o jeitão industrial de repetirmos processos e atividades, como que engrenagens de uma máquina. Clonamos modelos, e o repetimos à exaustão. Daí vem mais uma frase de efeito, agora de Blaise Pascal:

"As pessoas capazes de inventar são raras, as que nada inventam são a maioria."

Parece-me que a chave que nos abrirá para a era da Informação e do conhecimento – do cérebro, das artes, do ócio criativo - é a inventividade. E daí sairmos de vez do jeito industrial para o da inteligência.

Creio que hoje o máximo do marketing seria pensar em novas categorias, utilizar a democracia e a descentralização advinda da internet e dos meios digitais de terceira geração, utilizar o poder do boca a boca do buxixo virtual, utilizar de mais transparência e menos ganância, e daí fazer algo novo, diferente, ainda não pensado.

Somente rompendo com o passado (e até mesmo com o presente), quebrando a inércia, eliminando o pessimismo e matando a imobilidade é que entraremos no futuro. E nenhuma crise vai segurar o ponteiro do tempo.

É tempo de inovar, tempo de sobressair.

Warren Buffet - hoje, novamente guindado ao pódio de homem mais rico do mundo, nos brinda com mais uma frase, com o que encerro meu arrazoado:

"Em tempos em que todos estão ousados, tenha medo; em tempos em que todos estão com medo, seja ousado."

2 comentários:

Anônimo disse...

Ultimamente tenho me deparado com situações controversas (no mínimo):
Total descaso com o cliente e investimentos maciços na midia;
Promoções mirabolantes para aumentar a carteira e os clientes pagando mais caro;
Ofertas e mais ofertas e as entregas atrasadas;
Quem será o pecador?
O anunciante que não é capaz de enxergar o que ocorre dentro de casa, ou a agencia que prefere se omitir de pedir ao anunciante para fechar a torneira, pois os clientes estão saindo pelo ladrão, digo concorrente?
Sebe de uma coisa, dou razão às agencias. Como investir em idéias inovadoras se o anunciante não faz o básico, seria um tiro no pé. Melhor gastar milhões na midia e trazer novos clientes (mesmo que perdidos pouco tempo depois), afinal ele (anunciante) só enxerga o presente. O futuro pertence a outro "deus".
Autor: Cliente diligente de várias marcas e profissional de marketing há 31 anos

Volney Faustini disse...

Há casos e casos.

Em algumas situações sabemos muito bem que há interesses financeiros e malandragem ... do tipo anunciar é facil e pega bem.

Em outras há uma verdadeira incompetência, onde a gente percebe antecipadamente que o mercado será implacável com a incompetência. E a Agencia perderá o cliente ...

E há outras, em que o anunciante prefere o discurso conservador e respaldado em time que está ganhando para não mexer.

Mas creio que para todos esses casos, o modelo da era Industrial é o que se aplica.

Volte sempre e deixe seu nome ;)