domingo, 5 de outubro de 2008

Você executou uma operação ilegal


Contrariando um pouco (ou bastante) a cultura vigente em nosso país, eu sou um daqueles sujeitos que cresceu acreditando que as leis existem para ser cumpridas, posso até não concordar com muitas delas o que é uma outra história, mas acho ridícula essa história de lei que pega ou lei que não pega. O que faz uma lei pegar ou não é apenas a capacidade de fiscalização daqueles que a criaram. Por isso mesmo sempre me incomodou o nada infreqüente alerta dos programas Windows dizendo que eu executei uma operação ilegal (ou que o programa que eu estava usando executou uma operação ilegal), a frase não tem nenhum sentido jurídico e muito menos lógico, afinal como é que um software pode executar uma operação ilegal se ele foi concebido para fazer só aquilo para que foi programado (ou será que a mente maquiavélica dos meninos de Seattle fica criando ilegalidades nos seus códigos ?).

Mas o que mais me surpreende não são as operações ilegais do meu computador, mas aquelas realmente ilegais que continuam a se repetir depois de muitas denúncias, de investigações, e de tentativas, ao que tudo indica frustradas, de educar o mercado de marketing direto, ou seja, continua-se a comprar, vender, alugar e permutar listas ilegais. Há menos de 15 dias ouvi uma oferta de uma empresa para atualizar os dados cadastrais de um cliente meu. O sistema que eles ofereciam era o de cruzar a lista do cliente com as listas da que eles dispunham – Imposto de Renda, Telefônica, Correios, entre outras – note que eles deram destaque para essas três. Falavam sem o menor pejo ou preocupação em explicitar como eles dispunham dos dados dessas listas que todos nós sabemos não estarem disponíveis para comercialização.

O primeiro problema prático do uso desse tipo de mecanismo ilegal afeta diretamente quem as usa. São listas sem nenhum tipo de qualificação, com dados supostamente acurados (ou você acredita que as pessoas dizem a verdade para a Receita Federal ?) e sempre com desempenhos de respostas muito ruins. As pessoas desavisadas acabam comprando porque são muito mais baratas que as listas sérias do mercado e depois saem por aí dizendo que marketing direto não funciona ou que só dá 2% de retorno.

O segundo problema é que a comercialização de listas ilegais desestimula o mercado de listas honestas. De um lado porque as empresas que comercializam os seus bancos de dados ( que custou muito dinheiro para ser formado e tratado) não tem retorno sobre os seus investimentos. Com isso, acabam não tendo interesse em investir mais na atualização e enriquecimento e o mercado continua não tendo listas de qualidade. De outro lado, faz com que empresas que não comercializam os seus nomes (e que poderiam gerar novas receitas com isso) deixem de ter qualquer interesse em fazê-lo.

O maior problema é a eterna ameaça de proibição de comercialização de listas de modo geral. Não podemos esquecer que, principalmente em anos eleitorais ou de novas legislaturas, o furor legiferante dos nossos políticos fica extremamente exacerbado. Sempre vamos ter algum oportunista querendo resolver o problema da listas ilegais, tornando qualquer lista ilegal ( mais ou menos no espírito da lei seca, se não conseguimos controlar os alcoólatras vamos proibir a bebida para toda e qualquer pessoa).

Talvez a alternativa seja entrar num acordo com o Bill Gates e incluir um bug em todos os seus softwares que identificasse o uso dessas listas e mandasse a tradicional mensagem para o seu usuário : “Você executou uma operação ilegal, o seu disco vai ser formatado automaticamente”.

Clique na imagem no topo do post e divirta-se um pouco

Um comentário:

Volney Faustini disse...

Putz,

E eu clicando no ok da imagem.

Ontem (dia de eleição) após sufragar, fui tomar um café espresso - e ao comentar acerca da lei seca pro dia, o garçon retrucou que o Sindicato de SP tinha ganho uma liminar.

A proibição é do cara que vai votar alcoolizado. Cabe aos mesários e autoridades (percebendo) impedirem! Até porque no escondidinho da casa de qualquer um ...

Há um bom tempo atrás fiz um teste e realmente é possível comprar um cd com milhões de nomes e telefones em plena Santa Efigênia!

Mas as autoridades não estão preocupadas, não. Já os legisladores ... eu, voce Fabio e milhões: CUIDADO!