Descobri esses dias que existe um tipo de Marketing diferente, e até mesmo raro. É o do Guimarães. Não - não se trata do “seo”, mas sim dele, o Guimarães Rosa. Este, econômico em palavras e verbos. Este, criativo com a escrita e forte em sua verve. Usa o subentendido como certo. Inventa e transcende. Nas palavras é parcimonioso, na criação: rico. Meio e fim de escritas. Mesmo que seja ficção, não importa. Contar estória, pequena ou longa, ele o faz com o melhor do Brasil: os brasileiros (como diz o reclame governamental).
Os mais entendidos, a quem sempre damos ouvidos, dizem que certo ele está. O mineiro desconfia, o baiano aceita porém nada faz a respeito, o carioca quer inventar outro jeito, o paulista trata logo de usar e abusar. Enfim, retratando a nós mesmos, o real numa ficção às avessas.
Esse jeito próprio do homem, de contar estória (ou história – haja mistério) faz o dito chegar ao seu destino. Como se fora uma travessia de rio para a outra margem. Sempre com percalços vários que dão emoção ao relato. Mas a mensagem chega. É o tal receptor que enfim recebe seu pacote.
Creio que peculiaridade certa, salvo melhor raciocínio – é o envolvimento da família. Guimarães sempre coloca a família no meio. A começar pela mãe, mais que lógico. E pelo que li, entre Tios, Amigos, Primos e Irmãos, vem também o Pai.
Não se trata de grande sacada. É uma constatação. Olhe ao redor e perceba a influência. Leia os textos curtos: bulas, embalagens, cartazetes, chamadas comerciais, paginas duplas em semanário nacional e se na preguiça, ao ouvir em off o locutor.
Isso vem de muito antes de se colocar em power point, o eslaide de cérebro engruvinhado para se explicar que tem dois lados: o da mão que segura o garfo e o outro. Estava lá João Guimarães Rosa de gravatinha borboleta, fabulando com mágicas a tocar a alma e o coração.Pode esquecer Kotler, Godim, e mesmo estrangeiros da Índia. Fique aqui, via livraria da esquina ou biblioteca Municipal. Faça o Marketing do Guimarães, pois é coisa purinha nossa, assim como a roça, a cachaça do alambique, o fogão a lenha fazendo farofa e bolo de fubá. O homem de Grande Sertão: Veredas, é coisa de brasileiro. Boa para usar, curtir e respeitar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário